domingo, 19 de setembro de 2010

Vida

Os zumbis do metrô caminham indo para o trabalho, voltando para casa. Eles se esqueceram dos seus sonhos, esqueceram que um dia tiveram um sonho, eles caminham, comem, respondem se você perguntar alguma coisa, mas eles não vivem, não amam, não desejam, não esperam.
Eles chegam em casa, bebem, dormem e no dia seguinte lamentam por terem acordado e vão trabalhar com a mesma dor do dia anterior.
Algumas vezes por semana eles encontram seus psicólogos, psiquiatras e analistas. Eles conversam, confessam, choram e reclamam. Mas nada muda, não adianta procurar o passado ou a antiga relação com seus pais, a falta dos sonhos é culpa somente deles.
Os filhos vem, e vão, eles ficam e isso dói.
Um dia de sábado, um copo de bebida, uma cartela de comprimidos e tudo acaba, tudo morre, como os sonhos um dia.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Curta Vida, Longa Vida


Não cheguei aos 30, não passei dos 20.
Não comecei faculdade mas já dei aula, dei aula de inglês, dei aula de vida, aula de como ser e de como não fazer.
Inspiro muitos, enojo muitos mais.
Sei que fumar faz mal, mas fumo, gosto de fumar.
Já estendi as mãos a um estranho para oferecer ajuda, já pedi ajuda a mãos amigas e a ajuda nunca veio, já até fui ajudada sem sequer notar.
Já fui iluminada por alguns que vagam sem serem vistos.
Já sofri overdose, overdose de pó, overdose de dor, de amor, de filosofia.
Admiro o simples, embora ele não me satisfaça.
Já chorei de alegria e já sorri de desespero.
Vivi o inferno e o céu em um mesmo dia.
E digo, a quem interessar possa, que o único conhecimento que ficou foi o saber do vazio, conhecer o vazio, aceita-lo e abraça-lo.
Vivi 10 vidas em 20 anos, e da vida não entendo nada.

Barbara Galvão (esc. 19/02/2010)

fikdik: I'm so happy because today I found my friend, they're in my head.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Ideologia

Eu estava agora mesmo ouvindo Ideologia - Cazuza e pensando na minha vida, bem, tive a ousadia de me comparar com ele.
Cazuza era um guerreiro que usava as palavras como espada pra combater a ignorância, ele tinha na sua voz o instrumento de trabalho perfeito, quem não se deslumbraria ouvindo ele?
Até seus inimigos ouviriam, e por alguns minutos, enquanto os acordes voassem, eles concordariam.

Que maldita vida é essa, que os idiotas são excessivamente confiantes e os inteligentes são cheios de duvidas? São criticados, tidos como rebeldes e loucos. E quando morrem, todos choram sua perda, quanta hipocrisia meu deus!

Podem me chamar de depressiva, podem dizer que meu português é um lixo, podem me chamar de sonhadora, eu sei quem eu sou, posso não saber exatamente o que eu quero, mas sei o que não quero, e não quero ser mais uma hipócrita na multidão!

Dizem que vou pro inferno... dizem isso pela minha religião, pela minha orientação sexual, pelos meus hábitos, meus vícios... quer saber? Se esse tal inferno existe, o que eu duvido muito, eu quero mesmo ir pra lá, junto com meus familiares, e lá encontrarei os gênios do mundo, encontrarei Cazuza, encontrarei Cássia e Renato.

Que "Deus" tenha piedade da ignorância do "homem bom".

Barbara Galvão

fikdik: Eu vou pagar a conta do analista, para nunca mais ter que saber quem eu sou.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Sadness

Gente achei uma reliquia aqui.. um poema que eu fiz quando tinha 15 anos, eu não sinto mais as coisas que vocês vão ler agora, mas vou postar mesmo assim, gosto dele: